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O Cerrado preservado em áreas privadas

Entre 14,5% e 30% das áreas de distribuição de espécies ameaçadas de extinção no Cerrado brasileiro estão em propriedades privadas, diz artigo assinado por pesquisadores brasileiros e estrangeiros e publicado na revista Science



Um dos fatores mais importantes para que haja equilíbrio entre o avanço da produção agropecuária e a proteção ambiental é a informação. O conhecimento gerado por meio de dados científicos precisos e atualizados pode ser transformador nesse processo. Prova dessa relação está registrada na Science Magazine, uma das publicações mais importantes do mundo no campo da pesquisa acadêmica. No dia 21 de abril, a revista apresentou um artigo sobre a importância de terras privadas do Cerrado na preservação de animais vertebrados ameaçados de extinção.


O estudo revela que áreas de reserva legal e proteção permanente nas propriedades rurais particulares podem acomodar 14,5% das áreas de distribuição de espécies ameaçadas. O índice pode chegar a 30% se for considerado apenas o habitat remanescente atual desses animais.


O trabalho foi desenvolvido em conjunto por profissionais da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Universidade de Brasília (UnB), da ONG Aliança da Terra, da Universidad de Alcalá (Espanha) e da Kansas State University (Estados Unidos). Caroline Nóbrega, diretora-geral da Aliança da Terra, é uma das autoras desse material.


A pesquisa que deu origem ao artigo analisou as áreas protegidas privadas de 684.942 propriedades rurais localizadas no bioma Cerrado e inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Embora mostre a relevância dessas terras na preservação de espécies como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, a pomba terrestre de olhos azuis e mais uma centena de animais, o estudo não descarta, de forma alguma, o valor da proteção dentro de áreas públicas.


É o que explica Caroline Nóbrega. “As áreas públicas têm um papel essencial, obviamente, em geral são maiores, idealmente existem mais unidades, e isso não pode ser substituído em nenhum momento.” Para a diretora da Aliança da Terra, é fundamental a complementariedade da proteção entre áreas públicas e privadas.

E uma avaliação técnica sobre essa relevância das terras particulares, algo que nunca havia sido realizado, pode abrir caminhos para que essa contribuição ambiental seja mais estimulada. Inclusive servindo de base para a elaboração de políticas públicas voltadas a essa causa.


“As áreas privadas estão desempenhando um papel complementar na conservação. E, mapeando as áreas degradadas nas propriedades privadas, podemos valorizar os produtores que já preservam e incentivar os demais a promover a recuperação das áreas degradadas”, afirma Caroline.


O artigo publicado na Science traz ainda benefícios indiretos para essa relação entre produção e preservação no Brasil. O prestígio e o alcance da revista, com abrangência global, por exemplo, contribuem para que no mundo todo as pessoas tenham uma nova opção para enxergar esse cenário por um prisma científico.


A credibilidade que vem das instituições e dos profissionais envolvidos na pesquisa e os resultados do trabalho em si fortalecem a mensagem de que essa avaliação deve ser permanente, assim como a melhoria dos quadros legais, para assegurar a conservação efetiva tanto das espécies ameaçadas quanto de seus habitats.


Também assinam o artigo Paulo De Marco Jr. e André F. A. Andrade, da UFG; Rodrigo A. de Souza, do Ibama; Luiza Motta Campello, da UnB; Sara Villén-Pérez, da Universidad de Alcalá; e Marcellus Caldas, da Kansas State University.

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