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  • Foto do escritorDaiany Andrade

Série Mil combates: As histórias por trás dos números

Atualizado: 19 de ago.

Conheça um pouco da realidade dos brigadistas pelas palavras e pelos relatos de quem viveu cada um desses combates



A Brigada Aliança, uma das maiores referências do Brasil no trabalho de prevenção, controle e combate a incêndios florestais e em áreas agrícolas, atingiu recentemente uma marca histórica: seus Guerreiros do Fogo estiveram em ação em mais de mil combates.


O número é expressivo. Mais do que isso, porém, é fundamental destacar que cada um desses combates não representa apenas um número. Eles carregam relatos de coragem, dedicação e determinação que merecem ser valorizados.


Cada ação representa um capítulo de extremo comprometimento e de trabalho em conjunto para evitar perdas ambientais, econômicas e, muitas vezes, de vidas humanas.


São histórias de homens e mulheres que enfrentam as chamas sem hesitação e colocam todo seu conhecimento, estratégias e ferramentas a favor do combate ao fogo para salvar pessoas, animais, proteger florestas, a produção agropecuária e mesmo comunidades inteiras que dependem desses ecossistemas.


Cada um desses combates representa não apenas um incêndio contido, mas também uma batalha contra as chamas que ameaçam devastar áreas florestais preciosas e propriedades rurais inteiras.


Cada combate é único, com seus próprios desafios e triunfos. Alguns representam uma vitória rápida sobre um incêndio de pequenas proporções, enquanto outros são batalhas que duram vários dias contra o fogo que consome vastas extensões de terra.


Para valorizar as histórias que estão por trás desse marco iniciamos a partir de hoje, aqui no blog da Aliança da Terra, a Série Mil Combates.


Neste primeiro artigo você vai conhecer um pouco da realidade dos brigadistas pelas palavras e pelos relatos de quem viveu cada um desses combates. Confira a seguir os depoimentos do Comandante da Brigada Aliança, Osmano Santos, e dos subcomandantes Eusimar de Souza Araújo e Luiz Junior da Silva Martins.


“Desde quando eu iniciei o combate a incêndio florestal, a minha visão era apagar fogo. Tenho muitas histórias para falar, mas a primeira que me marcou foi quando eu ainda era guerreiro, lá na Fazenda Três Flechas, município de Vila Rica, Mato Grosso.

Uma situação que a gente passou nove dias em combate, três dias sem ir a sede, sem tomar banho. Foi aí que eu comecei a perceber, não só a importância de combater incêndio, mas a forma que a gente trabalhou. Nós erámos cinco e no final estávamos cada um liderando um grupo de funcionários da fazenda. Então aí eu comecei a perceber essa questão de liderar equipe em campo.


“O incêndio mais marcante que eu tive foi no Pantanal, no município de Poconé, na baixada cuiabana. A gente encontrou um incêndio extremo que foi o ocorrido próximo à Transpantaneira e esse incêndio foi atingindo várias fazendas. Incluiu cinco fazendas.

E a gente pegou e fez o combate direto. Tinha um pessoal de outra instituição (governamental) junto com a gente e a gente foi designado para outro incêndio, deixando a outra equipe nesse local.

Quando foi no outro dia, fomos chamados de novo ao local porque o incêndio tinha se alastrado, tinha saído fora do controle. Então a partir daí a gente fez uma força tarefa, eu e a minha equipe, onde usamos todas as técnicas do bombeiro florestal e, juntamente com os donos das fazendas que estavam incendiando, conseguimos controlar o incêndio. Isso já tinha uns quatro dias.

Eu vi uma cena muito emocionante porque as fazendas que já tinham queimado 30%, outras 50%. O pessoal todo desesperado porque estava queimando as fazendas. A gente fez o combate e eliminamos todas as chamas.

Após certificar que o incêndio estava apagado, o lado emocionante foi que os donos e proprietários das fazendas onde o incêndio foi ocasionado me chamaram para um bate-papo e agradeceram a minha ajuda.

Lá eles me perguntaram quanto eu queria receber como forma de pagamento. E aí eu perguntei para eles se eles estavam felizes e contentes com o serviço que a gente tinha ajudado eles e aí os cinco se emocionaram junto e disseram que nunca tinham visto um pessoal de atitude e missão como nós. Então isso foi muito marcante. Abraçaram a gente e choraram porque eles nunca tinham visto uma ação tão rápida e eficaz como a gente fez.


“Uma ação que mais me marcou foi uma em Bom Jesus do Araguaia, em Mato Grosso. Foi onde um dos guerreiros nossos estava passando mal e dando apoio e dando força para a gente terminar o combate depois de 24 horas em combate direto. E ele passando mal e dando força para a gente continuar em combate. Isso me marcou muito, isso já tem uns 13 anos”.

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