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Foto do escritorDaiany Andrade

PEP: Uma temporada histórica

Lisandra Rodrigues, líder da Brigada Aliança, relata desafios e aprendizados no trabalho de prevenção e combate aos incêndios no Parque Estadual dos Pireneus em 2024

Equipe da Brigada Aliança em pleno combate. Ano de 2024 trouxe grandes desafios ao trabalhos dos guerreiros

O ano de 2024 trouxe grandes aprendizados para a base da Brigada Aliança que atua no Parque Estadual do Pireneus (PEP) —localizado entre os municípios de Pirenópolis, Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás (GO)—, que, vale destacar, é comandada por uma mulher, a guerreira Lisandra Rodrigues.


Experiente e com atuação no parque desde 2021, ela assumiu a liderança da base do PEP este ano, durante uma das temporadas mais desafiadoras na região. “Esse ano foi bem difícil. Tivemos que enfrentar novos desafios e nos adaptar a certas situações”, disse.


O trabalho da Brigada foi marcado por meses intensos de combate, decisões rápidas e estratégicas, e um constante esforço de adaptação diante de incêndios registrados dentro e fora do parque e de condições climáticas adversas.


Foco na prevenção


Desde o início do ano até o começo do período mais seco, entre os meses de junho e setembro, o foco foram as ações de prevenção. A equipe da Brigada Aliança realizou, por exemplo, roçagens nas margens das estradas, manutenção de trilhas, a construção de aceiros, além de visitas e o cadastramento dos moradores das propriedades próximas do parque, a grande maioria produtores rurais.


Esse trabalho é fundamental para a Brigada entender com quais recursos e apoio pode contar em caso de emergência próxima ou dentro dessas propriedades, além de ser o momento ideal para conscientizar a população sobre os cuidados necessários para se prevenir incêndios ou evitar a propagação do fogo.


“A gente chega na propriedade, conversa com as pessoas, e elas não são obrigadas a dar as informações, mas fazem isso voluntariamente. A gente vê o que nós podemos utilizar dentro de um incêndio. Se tem pessoas, se tem maquinário, como motosserra, soprador, esse tipo de coisa”, explicou a líder.


Esse trabalho mostrou-se essencial, pois em alguns incêndios a ajuda de propriedades vizinhas pode ser crucial. “Realmente, esse cadastramento faz total diferença. Em alguns casos, a gente teve uma grande ajuda sim, dessas propriedades do entorno do parque”, destacou Lisandra.


Líder da Brigada Aliança na base do PEP, Lisandra Rodrigues

Incêndios suspeitos e clima adverso


Entre agosto e setembro, o Parque Estadual do Pireneus registrou dois grandes incêndios. Segundo Lisandra, pelo menos um deles pode ter sido provocado. “Nós havíamos terminado um aceiro e, logo depois, detectamos o incêndio próximo. Considerando a posição do vento e a extensão da linha de fogo, ficou difícil não pensar nessa possibilidade, pela nossa experiência”, contou ela.


Esses incêndios não só afetaram uma grande área do parque, como também exigiram decisões rápidas e coordenadas. Lisandra relata que sua equipe precisou atuar por longas horas ininterruptas. "Em um dos incêndios, trabalhamos direto várias horas, com o apoio de outras bases, como a do PEAMP, e conseguimos conter as chamas após um grande esforço coletivo”.


A volta das chuvas


A temporada de incêndios de 2024 começou a perder força apenas com a chegada das primeiras chuvas, na primeira quinzena de outubro. A líder da base do PEP lembra bem o exato dia em que isso aconteceu. “A gente havia acabado de começar um combate. Depois de uns 300 metros dentro da mata, a chuva caiu. Para a gente, foi a maior sensação do mundo. Foi uma alegria muito grande”.


Até então, foi preciso lidar com incêndios recorrentes, principalmente na Área de Proteção Ambiental (APA), no entorno do PEP, um desafio adicional para a Brigada Aliança, que precisa monitorar essa área para impedir que o fogo atinja o parque.


Esse trabalho de combate para evitar que o fogo ganhe maiores proporções exige uma vigilância constante e o apoio das comunidades locais, do Corpo de Bombeiros e de brigadas voluntárias.


Lisandra ressalta que, na APA, a Brigada frequentemente lida com mais de um incêndio por dia, principalmente nos horários de pico de calor. “Tinha dia que a gente pegava dois incêndios por dia, três incêndios por dia, então era um incêndio atrás do outro”.


Rotina sem pausa e muitos sacrifícios


A rotina de um brigadista é marcada pela imprevisibilidade e pelo intenso esforço físico e mental. “Como se diz, descanso de brigadista é carregando pedra”, brinca Lisandra. Ela destaca que durante o período de aumento de incêndios não há horários fixos para as refeições ou pausas. Em dias críticos, o combate pode durar longas horas e até dias.


“A gente já entra na linha ciente de que pode ser um dia longo. É uma rotina intensa, mas que também nos traz recompensas”, comenta.


Além das longas jornadas, os brigadistas carregam equipamentos pesados e enfrentam condições difíceis, como terrenos íngremes e vegetação densa. O preparo físico é essencial, e, durante a temporada de incêndios, é crucial estar em forma para lidar com situações adversas.


“Andar com sopradores de 20 a 30 quilos no meio da mata não é para qualquer um. É preciso preparo físico e muita determinação”, complementa.


Com o fim da temporada de 2024, o momento agora é de monitoramento, apoio à gestão do PEP e planejamento para o próximo ano. Além do acompanhamento contínuo, que segue neste período, os guerreiros também aproveitam para reforçar o preparo físico e revisar as estratégias de combate.


“Nessa época, nós estamos correndo, fazendo atividades físicas, porque a temporada passou, mas tem ano que vem. Então, a gente já está se preparando fisicamente, mentalmente para a temporada que vem pela frente”, finaliza a líder.


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