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Onde tem Brigada Aliança tem ciência

Por trás das ações dos guerreiros do fogo da Brigada Aliança estão especialistas, que aplicam o conhecimento científico e a tecnologia para um combate inteligente



Cada vez que uma equipe da Brigada Aliança vai a campo, carrega consigo equipamentos de ponta e muita ciência. Por trás de cada passo deles estão um aparato tecnológico e um time com vasto conhecimento em ecologia e no comportamento do fogo. Esse conhecimento resultou em uma eficiente metodologia de abordagem às comunidades e de combate nos incêndios, que fizeram com que a Brigada Aliança tivesse reconhecimento internacional por sua atuação.


O contingente científico da Brigada otimiza as ações dos brigadistas ao manter uma comunicação direta com os líderes das Brigadas, que por sua vez, têm conexões diretas com a comunidade local e produtores rurais. “São dois sistemas que estão sempre conversando”, conta Danira Padilha, gerente de projetos da Aliança da Terra e integrante da equipe de retaguarda da Brigada – Danira, por exemplo, é engenheira florestal, com doutorado em Ecologia e Evolução. “Na prática, estamos sempre na comunicação mais direta”.


Com a utilização de softwares da Agência Espacial Americana (Nasa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Brigada Aliança mantém um monitoramento mais controlado de áreas que correm mais risco para focos de incêndio. O acompanhamento faz parte do Sistema de Inteligência Territorial e Detecção da Brigada, que conta com três níveis de informação.


O primeiro nível é o sensoriamento remoto, que mostra focos de calor, risco de fogo, precipitação, umidade relativa e temperatura. Com esses dados, as equipes de campo realizam o monitoramento terrestre e elaboram o planejamento de combate em cada área.


“O foco de calor nem sempre é um incêndio”, explica Ricardo de Faria Nicolau, mestre em Ciências Ambientais na área de Estrutura e Dinâmica Ambiental e analista de geoprocessamento na Aliança da Terra. Por isso é necessário o monitoramento terrestre das equipes para certificar se o foco de incêndio existe ou se é apenas solo exposto. Este é o segundo nível de trabalho na detecção dos incêndios. “Quando a gente manda os focos de calor para os líderes, com as coordenadas e localização, eles se deslocam ao local e nos avisam sobre a situação.”


O terceiro nível de informação está na parceria com a própria comunidade, que avisa os brigadistas quando detectam fumaça. A rede de apoio é essencial para o sucesso da Brigada Aliança em campo. “Algo que funciona de uma maneira muito efetiva nas Unidades de Conservação e nas áreas rurais é a rede de apoio que é construída durante o período das chuvas com a comunidade local. Na época dos incêndios, ao menor sinal de perigo, eles entram em contato com a brigada e informam onde tem fumaça”, explica Caroline Nóbrega, gerente-geral da Aliança da Terra e doutora em Ecologia e Evolução.


“Foi algo que aconteceu mais de uma vez no Pantanal esse ano: um produtor avista a fumaça e já avisa os líderes da brigada. Por vezes alguém da própria comunidade ia no local e fazia fotos e passava informações para os brigadistas, que deslocavam imediatamente”.


O relevante trabalho de engajamento da população também não é aleatório. Enquanto o conhecimento técnico em relação à ciência do fogo e técnicas de combate foram desenvolvidos ao longo dos anos com apoio do Serviço Florestal Americano (USFS), o conhecimento estratégico de atuação e técnicas de liderança foram incorporados na Brigada Aliança com orientação de veteranos dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Todos os líderes da Brigada Aliança passam por um exigente treinamento liderado pelo condecorado sargento major de operações Kelly Mahon.


Assim que montam uma base em uma região, os brigadistas da Aliança iniciam o contato com entidades e líderes comunitários, além do cadastramento de produtores e do treinamento de funcionários das fazendas e voluntários, o que permite multiplicar o número de pessoas envolvidas na missão de prevenir e combater o fogo.


Inteligência de dados


Além de notificar os brigadistas em campo sobre focos de calor que podem dar início a incêndios, a equipe científica trabalha para converter as ações de campo em dados que auxiliam na avaliação das áreas monitoradas.


“Estamos trabalhando no mapeamento das queimadas nos parques de Goiás de 2018 a 2021. São dados que temos que observar para ver se tem algumas ponderações a mais a serem feitas para a próxima temporada”, explica Ricardo. Atualmente, ele se dedica a comparar as imagens de satélite geradas antes do início do período da seca com imagens após o período do fogo.


“Isso é muito útil porque, mesmo em um incêndio que foi muito localizado e teve combate rápido, a cicatriz detecta essa área queimada”, comenta Caroline. Cicatrizes são as marcas deixadas pelo fogo e podem ser monitoradas via imagens de satélite.


Após a temporada do fogo a equipe científica tem o desafio de transformar os dados apurados em informações concretas que poderão ser utilizadas em pesquisas científicas, editais para captação de recursos e, mais importante, pelos brigadistas no planejamento da próxima temporada.


“Não é só a questão de informar antes, mas também depois das ações de combates quais foram os resultados”, Danira explica. “Qualquer pessoa tem acesso às imagens de satélite que nós utilizamos no dia a dia. Mas o conhecimento para fazer as análises, poucas pessoas têm. A análise que fazemos em conjunto é muito relevante. É a mesma coisa em campo. Os brigadistas têm acesso à todas as informações. O diferencial é a qualidade do treinamento dos nossos líderes e brigadistas e como eles conseguem abordar os incêndios e atacá-los através da inteligência, experiência e treinamento realizado.”


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