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  • Foto do escritorDaiany Andrade

La Niña em cena e um inverno quente em 2024

Segundo a Agência de tempo e clima dos Estados Unidos, a tendência é que o fenômeno entre em atividade a partir da segunda quinzena de julho



Mal terminou o El Niño e já estamos prestes a enfrentar outro fenômeno climático igualmente preocupante: a La Niña. De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) a transição vai acontecer a partir deste mês.

 

“Segundo o último boletim, a tendência é que o sistema venha a se estabilizar a partir da segunda quinzena de julho”, disse o meteorologista Guilherme Borges, da Climatempo.

 

Assim, os dois fenômenos com efeitos quase que opostos deve se suceder praticamente sem intervalo entre eles, trazendo impactos distintos em cada região.

 

No Cerrado, no Pantanal e na Amazônia, principais regiões de atuação da Brigada Aliança, por exemplo, a chegada da La Niña costuma indicar projeções favoráveis ao aumento das precipitações, mas não em curto prazo.


“A estabilização do La Niña deve ser um alívio para esses biomas, tendo em vista que o fenômeno não favorece tanto o tempo seco e temperaturas elevadas como sua fase oposta, o El Niño,  além de intensificar a chuva na faixa Norte e Nordeste, que compreende boa parte dos biomas Cerrado e Amazônia”, explicou Borges.

 

Antes da chegada do fenômeno, no entanto, e que se identifique sua influência e intensidade, na estação que acaba de começar a previsão é bastante preocupante e vai impor grandes desafios no combate a incêndios florestais, que já acontecem com incidência alarmante, sobretudo no Pantanal.

 

“O inverno deve ser caracterizado ainda por temperaturas acima da normalidade em boa parte do Pantanal, Amazônia e Cerrado. Por esta época ser naturalmente mais seca, a ocorrência de grandes incêndios florestais nesses biomas deve se intensificar”, destacou.


Nos últimos meses, sob influência do El Niño, o clima no centro do Brasil vinha afetando tanto o Pantanal quanto o Cerrado. Após uma seca severa em novembro e dezembro, seguida por chuvas em janeiro e fevereiro, março e abril registraram precipitações abaixo do normal nessas regiões.


Outro dado alarmante é que, de janeiro até a última semana de junho, 627 mil hectares já haviam sido atingidos por incêndios no Pantanal, (480 mil hectares em MS e 148 mil, em MT), segundo dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os números já superaram os de 2020, considerado o pior ano até então de queimadas no bioma.


A situação levou o governo do Mato Grosso do Sul a decretar situação de emergência por 180 dias nos municípios atingidos pelo fogo. A medida permite, por exemplo, que haja licitações sem edital para medidas emergenciais.


A tendência é de que este cenário favorável às queimadas se intensifique ainda mais nos próximos meses. “Nos últimos 60 dias, com a pouca chuva que ocorreu, o período de estiagem no Pantanal começou antecipado. Isso não é bom, porque aí o período mais crítico deve ser de agosto para setembro”, explicou o meteorologista e consultor climático Francisco de Assis, ex-chefe da previsão do tempo do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).  

 

“As temperaturas ficarão mais elevadas ainda, passando de 40 graus, o que vai favorecer mais a intensidade e o aumento das queimadas e dos incêndios na região”, complementou ele.   


Esse risco é maior especialmente no Mato Grosso do Sul, devido ao inverno provavelmente mais quente e com baixa umidade do ar.


Entenda o que é a La Niña

 

Caracterizado pelo resfriamento atípico das águas do Oceano Pacífico Equatorial,  a La Niña impacta os padrões climáticos globais e traz mudanças substanciais ao clima de diversas regiões.

 

No Brasil, representa uma redução das chuvas no Sul e um aumento nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, Sudeste e Centro-Oeste poderão enfrentar períodos de frio, com temperaturas abaixo da média histórica.

 

“Quando está estabelecido, esse fenômeno geralmente causa seca, estiagem, redução bem significativa das chuvas no Sul do Brasil, também na Argentina e no Paraguai”, explicou o consultor climático Francisco de Assis.

 

Já em outras regiões, a La Niña provoca o aumento das chuvas. “Causa excesso de chuva na parte Norte, Centro do Nordeste e também na parte central do país, principalmente no período de verão. Além disso, favorece as ondas de ar frio chegarem ao Brasil com maior intensidade no período de inverno”, disse ele.


De acordo com os meteorologistas, o clima deve sofrer a influência da La Niña até o primeiro semestre de 2025. “Geralmente, tanto El Niño quanto La Niña começam no segundo semestre e duram até o verão/outono do ano seguinte”, disse o meteorologista Guilherme Borges, da Climatempo.

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