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  • luizfsa7

"Segurança não tem preço"

Incidentes em combates a incêndio reforçam a importância de investir no treinamento de funcionários e voluntários



Quem vê a imagem de uma máquina queimada em meio a um campo consumido pelo fogo pode avaliar o prejuízo econômico de um incêndio em uma propriedade rural. Mais preocupante, no entanto, é o que muitas vezes não aparece: o risco a que muitos voluntários e funcionários das fazendas são expostos quando participam do combate ao incêndio.


“Segurança não tem preço”, afirma Isafas Balke, líder da Brigada Aliança em Pedra Preta (MT) e instrutor dos treinamentos de voluntários realizados pela instituição. Este ano, Balke se deparou com pelo menos um incidente em que dois funcionários de uma fazenda no município de Alto Garça (MT) se viram cercados pelo fogo, que mudou de direção e alastrou-se rapidamente em função de fortes rajadas de vento. Para se salvarem, jogaram-se em um tanque de defensivos agrícolas, mas acabaram tendo complicações de saúde e foram internados em hospital da região.


Outro caso semelhante aconteceu em agosto passado na região de Cáceres. Ao tentar abrir um aceiro com o trator em meio à fumaça de um incêndio em uma fazenda, um voluntário acabou inalando fumaça e ficou desacordado até ser resgatado. Também foi internado em estado grave.


São acidentes que poderiam ter sido evitados com a aplicação dos conceitos de segurança difundidos pela Brigada Aliança nos treinamentos realizados em fazendas ou comunidades nas regiões em que suas equipes atuam. Segundo Balke, a base desses conceitos está calcada em quatro pontos fundamentais: Vigilância, Comunicação, Rotas de Fuga e Zona de Segurança. Em toda ação de combate de incêndios, a observação clara de todos eles é o que pode reduzir o risco aos envolvidos.


“Nos nossos treinamentos, costumamos dizer que os conceitos de segurança foram escritos com o sangue dos brigadistas e bombeiros que morreram em combate”, afirma Balke. Segundo ele, as perícias realizadas nos Estados Unidos em eventos que tiveram fatalidades demonstraram que, em todos eles, houve falha em pelo menos um dos quatro pilares de segurança. “Além de conhecer o comportamento do fogo, a primeira coisa que uma equipe precisa ter em mente é que é preciso entrar e sair de um combate com segurança”.


RISCO ELEVADO

A presença cada vez maior de voluntários em ações contra incêndios, embora seja desejada, aumenta os temores em relação à segurança. Isso porque boa parte deles não recebeu treinamento adequado. Outro ponto importante, muitas vezes negligenciado, é o uso de equipamentos de segurança (EPIs), como luvas, balaclavas e óculos. Sem eles, a capacidade de suportar o calor e a fumaça nos combates fica reduzida, mesmo para quem está treinado.


“Em muitas propriedades, o produtor tem máquinas de mais de R$ 1 milhão, mas seus funcionários não têm o equipamento necessário em caso de incêndio e não houve investimento em treinamento”, diz Balke. “Como eles combatem incêndio há muito tempo, eles vão de qualquer jeito e se expõem a um risco elevado”.


Já nas fazendas que se preparam adequadamente, além de equipamentos existe organização, com uma hierarquia de comando e, assim, uma ação coordenada. “Recentemente atuamos em uma fazenda que havia treinado 90% do pessoal. Foi bonito de ver como tudo funcionou de acordo. Nós, da Brigada, praticamente assistimos ao trabalho deles”, diz o líder de Pedra Preta.

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